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3 de set. de 2013

A PINTURA QUE SE FAZ COM A MEMÓRIA-MATÉRIA DO JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE-FORTALEZA-CE.


27.05.2013
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Radicada na França, artista plástica brasileira recria imagens do universo tradicional do Nordeste
Os elementos da cultura popular nordestina marcados tanto pela alegria das festas juninas, das cirandas, do forró, quanto pela alegoria à bravura do pescador ou pelo drama dos retirantes ganham colorido e formas, algumas estilizadas, nos traços precisos da artista plástica Míriam Merci. Natural de Pernambuco, a pintora cresceu em Fortaleza, e, há 22 anos, desenvolve o que ela prefere chamar de dom: a arte de pintar. Na sua pintura, o colorido é fundamental, daí encantar à primeira vista, ao trabalhar de forma simples, elementos do imaginário da cultura popular nordestina, fazendo com que seja a única mulher a integrar o grupo “artistas da Marina da Vila de Moura”, localizado num complexo turístico em Algarve      (Portugal).

Míriam Merci nasceu em Pernambuco e cresceu em Fortaleza: cores vibrantes para retratar temas que compõem a paradoxal cultura popular nordestina

O sucesso da arte naïf brasileira, focado num figurativo que prima pelo colorido, credencia a artista a participar do “Festival Saison Brésil 2013”, na França. Trata-se da mostra “Nossa Terra, Nossa Cultura”, que acontecerá de 1º a 21 de junho, que reúne 35 telas sobre temas da vida nordestina. “Tinha muita vontade de participar e fui convidada”, afirma Míriam Merci. Segundo ela explica, a exposição acontece na galeria de arte da associação francesa “Le Chant des Hommes”, que promove o evento juntamente com a associação “Malambo”.
A artista plástica não reduz seu trabalho apenas às telas, afirmando que “a partir dos meus quadros desenvolvo souvnirs”. Admite que sempre teve vontade de participar da exposição. Informa que outros artistas brasileiros também irão participar do evento que destaca a cultura popular nordestina. O músico cearense radicado na França Celinho Barros vai mostrar seu talento, assim como serão realizadas tardes de leitura, em diversos idiomas, sobre lendas e histórias da cultura brasileira. A artista afirma que articula uma exposição, em 2014, por ocasião da Copa do Mundo, em Fortaleza. O objetivo é divulgar a cultura nordestina através de diversas linguagens artísticas.

As 35 telas que compõem a exposição de Míriam Merci retratam o forró, a ciranda, a dança do coco, o bumba-meu-boi e a cultura negra. “São telas, miniaturas e painéis de dois metros de altura”, ressalta a artista plástica, que também pinta camisetas e canecas com os temas retratados nos seus quadros. Esclarece que utiliza a técnica sublimação, uma nova forma de estampa, cujo resultado parece pintura a mão. O mesmo colorido vibrante das telas é retratado nas camisetas e canecas, entre outros souvenirs. A artista fez a experiência em Fortaleza, confeccionando 100 peças, apenas para uma experiência. Todas foram vendidas, chamando a atenção para as camisetas. “Quem olha diz que é pintura a mão”, revela, justificando a perfeição dos trabalhos.



A artista utiliza cores vibrantes para retratar temas que compõem a paradoxal cultura popular nordestina. Ora caracterizada pela alegria das festas, ora retratada em dramas, a exemplo dos retirantes, que Míriam Merci não utiliza cor para retratá-los. Diferente das imagens alegres, pintadas em cores fortes, como nas cenas do forró, das cirandas e da rede armada à beira-mar. A artista lança mão a vermelhos, amarelos, verdes, dando vida às figuras que parecem ganhar dimensões, fazendo alusão a esculturas de barro, vendidas nas feiras nordestinas. Algumas figuras são estilizadas, como a imagem de uma bandeira do Brasil, cujo verde são folhas de bananeira, o amarelo é substituído por frutas tropicais, o azul e o branco recebem uma jangada. O sol na tela “Rede” é estilizado, assim como as formas da figura lembram as criações da artista modernista brasileira Tarsila do Amaral.
A intenção da artista é mostrar esse Brasil alegre. E é essa alegria que Míriam Merci vai levar para a França, após participar de exposições em outros países da Europa, como por exemplo, Itália, Espanha, Londres, Alemanha e Portugal. Neste último, participa de seleto grupo, desde 2004, quando viajou à Europa, pela primeira vez, conseguindo permissão definitiva para trabalhar. “Minha pintura foi muito elogiada”, diz, afirmando ser a única mulher a integrar o grupo, formado por 11 artistas. “É muito difícil entrar”, afirma, adiantando que, no início de maio seguirá para Portugal. A artista plástica considera sua participação no festival “uma oportunidade mágica”.


Reconhece que sua pintura, baseada em temas da cultura popular brasileira, é muito apreciada na Europa. Conta que os compradores de seus quadros, na região do Algarve, 80% são de moradores do Reino Unido. De uma família de 11 irmãos, Míriam Merci é a única artista. “Amo a minha arte”, revela, admitindo ser um dom divino. Seu trabalho ganha destaque na arte figurativa brasileira, sendo considerada uma integrante da nova safra de pintoras naïfs. Quer na tela, em tecidos ou usando outros suportes, Míriam Merci demonstra talento e versatilidade ao misturar cores e ao criar formas. Outra particularidade de suas obras é destacar as tradições dos modos de vida do homem nordestino, além de pintar também elementos que remetem a sua subjetividade ou ao seu imaginário.

Agora, é a vez da França conhecer a arte de Míriam Merci mediante o projeto “Cultura popular brasileira: nossa terra, nossa gente”, uma ação integrada de fortalecimento da cultura e da arte brasileira. E a pintora contribui para essa integração, ao mostrar suas obras Festival de Artes da Associação Malambo e Le Chant des Hommes, na França. O evento reúne música, dança, shows, e exposição de artes plásticas de artistas brasileiros, sendo Míriam Merci convidada especial. A mostra possibilita que a artista continue exibindo sua arte pela Europa.

Iracema Sales
Repórter